terça-feira, 24 de abril de 2012

A Escatologia e as Duas Testemunhas


Introdução

O que é Escatologia? Apesar de o termo só ser usado a partir de 1844. O termo deriva de duas palavras gregas eschatos = último; lógos = tratado, estudo e significa a ciência das ultimas coisas ou doutrina das ultimas coisas.     


Ao estudar escatologia nos deparamos com muitas interpretações dos livros que são chamados de escatológicos, sendo eles livro de Daniel, Apocalipse, Zacarias e Mateus cap.24 e I e II Tessalonicenses dentre outras passagens que são interpretadas de forma isoladas em outros livros que não foram citados acima, porem vamos estudar somente as três posições principais defendidas pela cristandade ao longo dos anos, em especial as tradições protestantes.

O problema todo gira em torno do capitulo 20 de Apocalipse, como será à volta de Cristo, o milênio, o juízo final e a nova Jerusalém.

O livro de Apocalipse é um livro cheio de figuras de linguagem a pode causar e tem causado muita discórdia e discussão entre os cristãos e para muitos se constitui em um paradoxo, mas se alguém não crê em nenhum milênio literal sobre a Terra, mas no milênio celestial, tal pessoa ainda crê num milênio.

 Amilenismo

A primeira posição que iremos estudar é a posição mais aceita e defendida pela uma infinidade de teólogos tradicionais e de renome, para estes esta é a posição mais coerente com as escrituras dentro da escatologia, entre os que a defendem temos D.M. Lloyd-Jones, Wayne Grunden, Loraine Boetner, A.W. Pink (este antes era dispensacionalistas), Hank Hanegraaff e o pastor batista brasileiro Harald Schaly e foi um grande defensor do amilenismo histórico entre os cristãos tupiniquins. Amilenismo significa literalmente não há milênio, pois crê que não haverá milênio, pelo menos da forma literal como crêem os pré – milênistas dispensacionalistas, pois não encontram base bíblica para um milênio literal para os que ficarem na terra na grande tribulação.

O Amilenismo crê que a igreja passara por grande tribulação antes do seu arrebatamento. Os amilenistas excluem qualquer idéia de um rapto secreto da igreja inaugurando um reino milenar com Cristo e sua igreja, pois a possibilidade de vir a ter um milênio literal na terra com muita paz e longevidade após a segunda  vinda do Senhor Jesus é excluída pelo ensino do Novo Testamento, sendo o milênio totalmente simbólico e não literal como pensam os pré–milênistas dispensacionalistas. Crêem que haverá o arrebatamento seguindo-se a ressurreição de crentes e descrentes, julgamento final e o estado eterno. Segue abaixo a  representação gráfica da posição amilenista, é a mais simples de se entender como ilustrada pela figura.


 Pós- Milênismo

Para muitos o Pós-milênismo tem sido muito difícil de distinguir do Amilenismo e ambos têm pontos em comum, maior diferença está em o pós-milênismo ser muito otimista em relação ao avanço do evangelho e o crescimento da igreja, pois esta com o uso da pregação evangelho influenciarão pessoas significativas em toda a sociedade que agirão conforme os padrões divinos e gradativamente virá uma era milenar de paz e justiça para todos e esse milênio durará por longo período na terra, não necessariamente os mil anos literais, e por fim Cristo virá e os crentes e descrentes ressuscitarão, seguindo-se o juízo final com um novo céu e uma nova terra e entraremos no estado eterno. Crêem os pós-milenistas que o reinado de Cristo na terra será ausente e não presente, as profecias apocalípticas para os pós- milênistas são mais simbólicas que literais, assim também crêem os amilenistas. Pós- milenismo significa “depois” a tradução literal significa depois do milênio.
Conforme o exposto a posição pós-milenista não é muito difícil de distinguir da amilenista visto que esta tem um conceito muito otimista concernente à volta de Cristo já é bastante significativa e bem diferente da amilenista e não é difícil de distinguir uma posição da outra.  Dentre os pós- milênistas mais destacados encontramos Vincent Cheung, Kenneth L. Gentry, Jr, R. C. Sproul e Iain Murray. Segue abaixo a  representação gráfica da posição pós-milenista.



 Pré- Milênismo Dispensacionalista

O pré- milênismo tem suas origens na igreja primitiva, pois esta era a interpretação da igreja do 1º século, eles acreditavam que os mil anos de Apocalipse seriam introduzidos no futuro, originando o Quiliasmo, vem do grego “chilioi” com significado de “mil”, essa era doutrina imaginativa sobre o milênio, muito popular durante o período de perseguição da igreja primitiva, pois se esperava uma reviravolta da igreja ante os acontecimentos, tais como algo de sobrenatural nos eventos, como o expandir do evangelho por toda terra, os cataclísmas e as hecatombes, os cristãos do primeiro século esperavam a volta de Cristo o mais breve possível. O termo quiliasmo foi substituído pela designação “pré- milenismo”, veja a figura representativa abaixo.


O termo “pré” de pré- milenista significa “antes”, isto significa que Cristo irá voltar para arrebatar a igreja e implantará o milênio. O pré- milenismo dispensacionalista é uma designação nova dentro da teologia histórica, surgiu nos últimos 200 anos da história da igreja através de uma revelação de uma senhora freqüentadora da igreja do Pastor escocês Edward Irving e sistematizada por J. N. Derby considerado o pai do dispensacionalismo moderno. Ministro anglicano que em 1882, desiludido com a frouxidão espiritual da Igreja, juntou-se a outro grupo religioso chamado Movimento dos Irmãos. Darby tinha uma mente brilhante, autor de mais de 50 livros e em 1848, tornou-se o líder do movimento denominado Os Irmãos, com tanto brilhantismo Darby desenvolveu uma elaborada filosofia da História na qual ele a dividiu em 7 eras ou dispensações que Deus usara para a redenção do homem.


Porque dispensacionalista?


O termo dispensacionalista vem de dispensação, e faz referência à mordomia ou à administração de tarefas como dissemos acima, Deus administrou ou administrará em 7 dispensações para a recuperação do homem e cada uma delas de formas diferentes como segue abaixo.
Crêem os dispensacionalistas que Deus administra o plano de salvação e recuperação do homem em 7 dispensações. Já a palavra pré- milenismo 
1º A da Inocência ou Santidade Gn 1:28 – 3:6
2º A da Consciência Gn 3:16 – 8:14
3º A do Governo Humano Gn 8:15 – 11:9
4º A da Promessa ou Patriarcal Gn 11:10 – Ex 19:8
5º A da Lei Ex 19:9
6º A da Graça ou Igreja At 2:1 – Ap 3:22
7º A do Milênio ou Reino (Israel Restaurado – Ap 20:4)
Os pensadores pré- milenistas dispensacionalistas na sua grande maioria, sempre defendem a interpretação literal das escrituras se autodenominam fundamentalistas e defendem a bíblia em português na versão João Ferreira de Almeida Corrigida Fiel a (ACF). Segue abaixo a  representação gráfica da posição pré-tribulacional-dispensacionalista.



Quem são as duas testemunhas de Apocalipse 11?

As duas testemunhas são citadas no capitulo 11: 1-14 e sobre esta passagem argumentam os estudiosos que não é de difícil interpretação, outros já dizem que não, pois os versículos de 3 a 6 nos dão as características de como elas serão, então devemos dar nomes sim diante destas questões e nomes daí surge a pergunta, quem são as duas testemunhas afinal?
Existem três casos misteriosos a serem estudados como possíveis testemunhas.

1-Moisés
2-Elias
3-Enoque

A) Os pré- tribulacionistas dispensacionalistas em sua maior parte defendem que é Enoque e Elias e usam como base em Hebreus 9:27 “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,...”. Para o pré- milênismo dispensacionalistas  porque se fosse Moisés e Elias,  o principio divino seria violado, porque Moisés ao contrario de Elias já morreu uma vez. E conforme Ap 11:7 “as duas testemunhas vão ser mortas” E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará ““.
Então seriam Enoque e Elias porque os dois são os dois únicos homens no plano de salvação que não morreram eles foram arrebatados, Hb 11:5 “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus”. E Elias foi levado por redemoinho II Rs 2:11 “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.

B) Agora os amilenistas e pós- tribulacionistas já defendem Moisés e Elias por interpretarem o livro de apocalipse não literal, mas simbólico porque entendem que apocalipse deve ser entendido à luz dos demais livros da Bíblia. O Livro traz uma mensagem de estimulo aos cristãos que estão sob grande pressão garantindo que os inimigos seriam destruídos e que no final Deus triunfaria então são duas figuras alegóricas que correspondem à totalidade do Antigo Testamento formado pela Lei e os Profetas.
Moisés representa a lei e Elias representa os profetas, Jesus se referiu à lei e aos profetas como suas testemunhas “Examinais as Escrituras,(Lei e os Profetas) porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”.  Jo 5:39 e o apóstolo Paulo fala melhor ainda em Rm 3:21-22,29 “Mas agora se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o TESTEMUNHO DA LEI E DOS PROFETAS. Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos ( e sobre todos ) os que crêem. Não há distinção (...) É Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente”.

 Eles usam o episódio do monte da transfiguração falando com ele dois homens, na qual Pedro ao falar em II Pd 1:16- 19a "Não vos fizemos saber o PODER e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade. Pois ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho Amado, em quem me comprazo. Nós mesmos ouvimos esta voz vinda do céu, estando nós com ele no monte santo. E temos ainda mais firme a PALAVRA DOS PROFETAS...”, Pedro tinha em mente a lembrança do momento vivido no monte, porque o judaísmo apostata tinham desprezado a Lei e os Profetas dando ouvidos ao talmude e as tradições rabínicas.
E logo após a ressurreição de Jesus iam dois discípulos a caminho de Emaús e Lc 24:13-16,44 e conversando sobre tudo que havia sucedido e Jesus se aproximou e ia com eles e eles não conheciam à Jesus “E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús.
 E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.
 E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecesse, então Jesus lhes disse: São estas as palavras que vos falei estando ainda convosco, que era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. “Então abriu lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” Lc 24:44-45.

Conclusão

Para entendermos as escrituras temos que interpretar a própria sempre a luz da própria escritura, e o maior problema dentro do evangelicalismo é que somos biblicamente analfabetos, pois se não tivermos familiarizado com o texto in loco nos apaixonaremos por todo engano que aparecer, e sempre aparecem os enganos, pois devido ao nosso analfabetismo bíblico, tem se procurado a devida interpretação das escrituras sem o devido cuidado. Alem de ter muita espiritualização de textos bíblicos, ou seja espiritualizamos algo que não é espiritual e não espiritualizamos e que tem que ser espiritual.
Método LEGADO (LEGACY) de Hank Hanegraaff para entender os livros da bíblia

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Bibliografia

GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática
Hanegraaff, Hank. O Código da Biblía. Edição Eletrônica disponível em http://www.monergismo.com/textos/preterismo/descubra-biblia-final_Hanegraaff.pdf.
HOEKEMA, Anthony. A bíblia e o futuro. 1ª edição São Paulo. CEP, 1989.
GRIER, W.J. O maior de todos os acontecimentos. 2ª edição Campinas. LPC, 1987.
SCHALY, Harald. Breve história da escatologia cristã. 2ª edição Rio de Janeiro. Juerp, 1992.
_____________. O pré- milenismo dispensacionalista à luz do amilenismo. 2ª edição Rio de Janeiro. Juerp, 1987.
PINK, A.W. Dispensacionalismo uma analise. 1ª edição São Paulo. Editora PES, 2007.
SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. Edição eletrônica disponível. Em www.semeadoresdapalavra net.

Franciney R. da Silva
EBD Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Jardim Elba S.P